
Crítica: Cinema, Aspirina e Urubus
CINEMA, ASPIRINA E URUBUS. Direção: Marcelo Gomes. Roteiro:Marcelo Gomes, Paulo Caldas e Karim Aïnouz. Brasil: Inovasion, 2005,90min.
Marcelo Gomes, Cineasta e produtor do filme Cinema, Aspirina e Urubus é um pernambucano que dirigiu e estreou seu primeiro longa-metragem Cinema, Aspirina e Urubus, história inspirada em uma das experiências do seu tio Ranulpho Gomes que nos anos 40 saiu pelo Brasil em uma pequena caminhonete vendendo aspirina. O filme foi um dos grandes premiados do Festival do Rio de 2005. O Road movie que recebeu o prêmio especial do júri e o João Miguel, que interpreta o protagonista Ranulpho, também teve o prêmio de melhor ator.
O filme apresenta uma difícil e emocionante historia de duas pessoas com personalidades completamente diferentes que ocorreu em 1942 no sertão nordestino.
Johann um alemão que veio para o Brasil, fugindo da guerra que acontecia em seu país de origem. Percorreu as terras rachadas pela seca do sertão nordestino dentro de um caminhão, vendendo e divulgando um milagroso remédio “aspirina”. O mesmo remedio usado atualmente para dor de cabeça.
Duranteesse percurso Johann conhece Ranulpho um sertanejo sonhador que tambem tem um objetivo na vida. Ir para o Rio de Janeiro também fugindo de uma guerra, sendo essa, guerra da fome e da seca que castigava sua terra natal. Viajando de povoado em povoado, essa dupla utiliza um cimema móvel para exibir pequenos filmes promocionais sobre o remédio "milagroso" para pessoas que jamais tiveram a oportunidade de ir ao cinema antes. Podemos observar a convivência às vezes grosseira de Ranulpho que também se destaca como um sujeito honesto, e sempre contando suas revoltas e dificuldades do cotidiano. Sempre desanimado com a situação Ranulpho começa com seu interrogatório, admirado com um gringo alemão que foi parar naquelas terras castigadas pela seca. O filme também fala da maneira sutil e ao mesmo tempo ironiza sobre outros temas. Quanto à questão territorial, durante o trajeto em direção a cidade de triunfo, Ranulpho debocha de sua terra natal no qual o alemão discorda dizendo que nesta terra rachada pelo sol não cai bomba e que é lugar exótico e tranquilo.
O diretor usa uma luz estourada, reforçando assim o clima duro e seco, típico da região nordeste. Além da fotografia, também merecem destaque as atuações de cada ator, que ajudam a conduzir o espectador neste road movie composto por grandes contrastes que, juntos, dão uma beleza simples e sincera a este filme que mesmo sendo uma história ocorrida na década de 40 nos traz uma mensagem que retrata muito bem os nossos dias da atualidade. Assim eles seguem viagem afora enfrentando o calor, a seca, nas estradas esburacadas para alcançar às cidades onde o alemão vende seu medicamento como à grande novidade do século, afirmando que, “Aspirina é para as dores e o Cinema para os sonhos”.
É um filmeque pode ser trabalhado com alunos a partir do 4º ano do ensino fundamenta I, por ter ele uma linguagem clara, objetiva e de fácil compreensão. Oferece oportunidade de trabalhar língua portuguesa com leitura e interpretação, rescrita e diálogo; Geografia: Brasil Regional; imigração, paisagem, vegetação, clima, cultura local e global. Por ser um filme focado na verdadeira amizade e companheirismo, pode-se explorar o respeito à vida – respeitar a vida e a dignidade de cada ser humano, sem discriminação nem preconceito; Ouvir para Compreender – defender a liberdade de expressão e a diversidade cultural, privilegiando sempre o diálogo sem ceder ao fanatismo, à difamação e a rejeição, temas esses apropriados para trabalhar com a disciplina de filosofia.
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